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sábado, 14 de março de 2009

Dia da Poesia

Caros leitores, vocês sabem que dia é hoje??

14 de março é uma excelente resposta. No entanto, o que pouca gente sabe é que dia 14 de março é o Dia Nacional da Poesia.

Entretanto, esta data pode nos significar pouco. Na maioria das vezes, lemos textos em prosa e é natural que a maioria de nós goste mais deles, seja devido à objetividade de pensamento, seja por conta da linguagem menos rebuscada. Apesar disso, a verdade é que a poesia está presente no nosso dia-a-dia. Quando criança, quem nunca gostou de brincar de poeta, de rimar palavras, muitas vezes inventando novas para que a rima acontecesse? Outro exemplo e o maior deles é a música. Podemos vê-la como uma grande poesia melodiosa.

Filosofando um pouco, pensamos o que é uma poesia. De acordo com o grande filósofo, Gaston Bachelard, a poesia é a retratação em um papel de imagens adquiridas durante um devaneio. Segundo Bachelard, “o devaneio nos põe em estado de alma nascente” e a imagem poética seria o testemunho de uma alma que descobre o seu mundo, o mundo em que gostaria de viver. Apesar de parecer-nos um tanto quanto viajante, esta definição tem suas verdades. A poesia é uma expressão única e que se adquire através dos devaneios, das viagens a nós mesmos e como nossas almas veem o mundo em que vivemos. Este pensamento apenas nos confirma mais e mais a certeza de que a poesia é algo complexo, mágico, fantástico, divino.

Não podemos esquecer da importância dos poetas, estes que possuem o grande dom de escrever em versos. Na nossa literatura, não são poucos os grandes exemplos: Olavo Bilac, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meirelles, Vinícius de Moraes, Álvares de Azevedo, Manuel Bandeira e muitos outros. Dentre estes outros, um merece destaque especial: Castro Alves. Este grande poeta se destaca por trazer a partir da poesia uma grande causa: a luta pelo fim da escravidão. Como ele consegue descrever uma realidade tão feia em poemas tão bonitos? Esta é a mágica da poesia. A sua construção, a sua métrica, as rimas ou, até mesmo, a falta de tudo isso nos encanta e nos faz refletir. Por isso, o Dia da Poesia é hoje, em homenagem a este grande poeta. Hoje é o dia do aniversário de Castro Alves.

Parabéns no dia de hoje a todos aqueles que conseguem expressar seus devaneios e nos levam à reflexão sobre nós mesmos e o mundo ao nosso redor! Para comemorar, nada melhor do que poesias. O (In)utilidades publica abaixo duas poesias de movimentos opostos – o parnasianismo e o modernismo – mostrando que a mágica da poesia está presente mesmo em estruturas diferentes, em pensamentos diferentes.


A um poeta
(Olavo Bilac)

Longe do estéril turbilhão da rua
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.




Vou-me embora pra Pasárgada
(Manuel Bandeira)

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada



Um abraço,
Paulo Aragão (pauloaragaomelo@gmail.com)
Pedro de Figueiredo (pedfigueiredo@hotmail.com)

Equipe (In)utilidades Online (inutilidadesonline@gmail.com)

1 comentários:

Adso7 disse...

u nunca gostei de fazer poesia e principalmente rima, lembro de uns deveres de casa de fazer poesia de matar...
o parnasianismo é horrível, odeio ele...
mesmo assim até que o texto está legal...

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