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domingo, 19 de abril de 2009

Fim da Era Vestibular e Começo da Era ENEM

O ministro da educação Fernando Haddad lançou nas últimas semanas o projeto de um novo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que visa a, gradativamente, substituir o vestibular. De acordo com esse projeto, o acesso às universidades federais se daria através desse exame, podendo ser seguido de outras provas.

O objetivo do ministro conta com o apoio da maioria dos reitores das universidades federais, que acreditam, com essa medida, mudar o perfil do acesso às universidades, que hoje se dá através de provas “decorebas”, e acabar com a “indústria” dos cursinhos pré-vestibulares. Realmente, o vestibular é um processo pouco democrático de acesso aos cursos superiores, mas até que ponto a substituição deste por uma outra prova irá democratizar o processo?

Primeiramente, vejamos pelo lado dos cursinhos pré-vestibulares. De fato, essa “indústria” faz com que apenas uma minoria privilegiada tenha acesso a maior parte das vagas do vestibular. No entanto, a substituição do vestibular pelo ENEM não acabaria com os cursinhos. Haveria apenas uma troca de cursinhos pré-vestibulares por cursinhos pré-ENEM. Ou seja, pensar que os cursinhos irão se acabar com a troca do vestibular por outra prova é um devaneio utópico.

Outro ponto de vista das autoridades é que o modelo de prova do ENEM estimula o raciocínio lógico e conhecimentos gerais em substituição a um conteúdo “decoreba”. Entretanto, mais uma vez voltamos à discussão dos cursinhos. Todo raciocínio é treinável. Desta maneira, aqueles que têm condições de pagar um curso sairão na frente, pois poderão treinar seu raciocínio lógico para a prova. Por sua vez, todo conhecimento geral é passível de ser adquirido. E, aqueles com melhores condições de renda têm, também, acesso aos principais meios de comunicação, tornando-se mais fácil deter esse conhecimento.

Ainda são enumerados como positivos, o menor custo para o estudante pela realização de apenas uma prova e a possibilidade de concorrer a vagas em qualquer universidade federal do país. A primeira suposta vantagem parece atrativa. No entanto, pensemos. A realização de uma boa prova pode ser afetada por uma noite mal dormida ou por uma simples indigestão. Quando se faz diversas provas, o vestibulando tem mais chances de se sair bem. Quanto àqueles sem condições, deve-se, em contrapartida, aumentar o número de isentos de pagamento de inscrição, o que, inclusive, sairia mais barato para o MEC e as universidades. Já em relação a concorrer a qualquer universidade do país, isso é relativo. Um estudante com possibilidade de morar no Acre para cursar sua faculdade tem dinheiro também para pagar sua passagem até lá a fim de prestar o vestibular. Por sua vez, o estudante carente, pode até passar para uma universidade longínqua, mas não terá condições de se manter lá durante o curso.

Além disso, o retorno a provas objetivas seria, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, um grande retrocesso, uma vez que a maioria das universidades públicas possui pelo menos uma fase, se não todo o exame, com provas discursivas, que são, reconhecidamente, mais justas.

Desta maneira, substituir o vestibular pelo ENEM é trocar seis por meia dúzia. Todo concurso é um exame injusto, mas até hoje não se conseguiu achar nenhum tipo de avaliação mais justa. Para aliviar essa injustiça, o investimento em duas medidas seria mais coerente: o PAS (Programa de Avaliação Seriada) e as cotas. O PAS é um conjunto de três avaliações – uma no final de cada ano do ensino médio, e que por avaliar o aluno anualmente seria mais justa que uma única avaliação no final de três anos. Já as cotas permitem a estudantes carentes uma oportunidade de crescer profissionalmente e mudar seu destino, enquanto o ensino básico não é melhorado.

Por fim, pensamos que essa troca, ao invés, de ajudar, atrapalhará o acesso às melhores universidades do país, tornando o processo mais injusto do que já é. Toda alteração exige uma melhor avaliação de seus prós e contras para se evitar retrocessos.

Um abraço,
Paulo Aragão (pauloaragaomelo@mail.com)
Pedro de Figueiredo (pedfigueiredo@hotmail.com)

Equipe (In)utilidades Online (inutilidadesonline@gmail.com)

P.S.1: Essa semana tem dois feriados e também terá 7 artigos do (In)utilidades. Até domingo que vem, artigos todo dia. Não perca! xDD


P.S.2: Crédito da Imagem: Agência O Globo

11 comentários:

Unknown disse...

ainda não tenho opinião formada a respeito da mudança, mas sem dúvida os cursinhos pre-vestibulares são eternos.

Ingrid Diniz disse...

So mais o vestibular normal ! =)
Até porque essa nova "ideia" , prejudicaria a camada mais simples .. , e injustiça por mais injustiça melhor deixar como está

;D
ps: belo assunto , parabens meninos :D

Laleña disse...

Eu apreciei muito a linha de raciocínio que vocês utilizaram para escrever o artigo, são questionamentos bem interessante e acredito que a maioria da população que recebeu a informação sobre a alteração desse processo não chegou a indagar nem um quinto do que foi mostrado aqui.
Beijos pra vocês e que os artigos possam ficar cada dia melhores!

Jota disse...

cara isso é mesmo uma merda sempre querendo acabar com os pobres na universidader uma pessoa da bahia que eh rica e tem condição de viajar ate o piaui por exemplo e o pobre naum toma o lugar do pobre

apocax disse...

belo tema. a prova do ENEM tá a cada dia mais tosca... quero ver, se todo mundo tirar 10 faz oque? tira no palitinho?

o ENEM do jeito que tá não serve. E outra... os vestibulares bem ou mal são uma fonte de renda pras universidades, eaí, será reposto isso?

Apesar de alguns pontos, a proposta tem uma idéia legal, mas ... sei la... só vendo

Unknown disse...

Adoreei
vi q vcs são contra ao novo sistema.. e diga-se de passagem q eu tb sou.
será q há possibilidades de voltar atrás? u.u

Carol Romão disse...

Muito bom o texto meninos! =)
Na minha opinião, todas as universidades deveriam adotar o sistema que a UnB realiza, o PAS! Acho que não há, no momento, opção melhor e mais justa!


Beeijos

Nicole disse...

Hahahahaha....
Finalmente achei alguém com a mesma opinião que eu!
Depois de toda essa reflexão.. pensando individualmente, tomara que na época em que eu for prestar, independente do concurso em vigor, que eu faça uma boa prova.
=)

Everton disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Everton disse...

Eh quero ver no que vai dar essa nova forma de ingesso para as universidades. So espero que nao gere problemas de começos de projetos e prejudico os vestibulando! =P

http://comtodorespeito.blogspot.com

Eliz Haddad disse...

O que achei de muito equivocado no novo ENEM foi o fato de haver a possibilidade de saber a posição que se ocupa no rankink, seguida da opção de se trocar de curo, por até 5 vezes. Assim, é possível que um estudante que se preparou para entrar no curso de direito, por exemplo, que é um curso bastante concorrido e onde as notas são sbidamente maiores, perceba que não tem chances e escolha outro menos, ainda que sem muito interesse em cursá-lo, mas simplesmente para entrar, e acabe tomando a vaga de outros que se prepararam para aquele curso em questão.

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